Juventude paulista: os desafios e as conquistas pela garantia de seus direitos

No Brasil contemporâneo ser jovem, segundo a socióloga Helena Abramo, é fazer parte de uma multiplicidade de identidades, posições e vivências que ressaltam a importância de se reconhecer a existência de diversas juventudes no país, compondo um complexo mosaico de experiências que precisam ser valorizadas no sentido de se promover direitos.

Na periferia da cidade de São Paulo, muitas vezes marginalizada pela pobreza, é possível perceber modelos de organizações juvenis – grupos ou coletivos – capazes de fomentar e empreender práticas coletivas e compartilhadas com diferentes formatos que se demonstram extremamente inovadoras no campo da participação social.

Atualmente, os jovens têm se mostrado sujeitos ativos e seu potencial transformador passa a ser percebido com mais clareza por setores da sociedade civil até então apáticos. Essa mudança de concepção, que se abre para compreender o jovem como sujeito, se deu em partes pela efetividade das ações proposta pelos grupos e coletivos, a capacidade de diálogo com o poder público para o emergente atendimento de suas demandas e a forte articulação pela efetivação de seus direitos.

Parte desses grupos e coletivos da cidade organiza-se em torno da cultura e seus temas transversais. Na ocupação das ruas, praças, becos ou vielas, os jovens vêm demonstrando em rede o desejo por outras formas de convivência e sociabilidade, receptivas à diversidade cultural existente no município. Alguns usos do espaço público são capazes de representar e expressar desejos coletivos e chamam a atenção pelo seu potencial educativo.

Em Cidade Tiradentes, bairro localizado no extremo da zona Leste de São Paulo, a cerca de 35 km da Praça da Sé – marco zero da cidade -, moram 350 mil pessoas, sendo o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina. Nesse território, cheio de sotaques vindos lá do Nordeste, é possível encontrar um imenso galpão colorido, todo revitalizado, que a partir de sua ocupação e muito trabalho transformou-se num centro cultural e comunitário, com oficinas artísticas abertas para todos os moradores. De lá muitos outros grupos já se formaram e contam, por meio de sua arte, histórias de luta e resistência que constroem outros sentidos para a periferia.

Vale lembrar que nesse contexto travam-se disputas diárias, muitas vezes marcadas por tensionamentos decorrentes de diferentes interesses que se têm em relação ao espaço público. A tensão com as autoridades locais ou municipais é inevitável quando se coloca na pauta questões como a gestão compartilhada ou até mesmo a permanência desses grupos, que nos últimos tempos, têm sido alvos de ações de desapropriação.

Dar visibilidade às iniciativas dos grupos e coletivos é abrir espaço para que novas narrativas apareçam e revelem com legitimidade as demandas que circunscrevem suas vidas e seus territórios de atuação. A ocupação de espaços públicos é mais um elemento dessas narrativas, onde jovens apontam caminhos para as mais variadas formas de participação.

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