Professores das Escolas Técnicas Estaduais (ETECs): o que desejam?

Uma das propostas do Programa Aprendiz Comgás (PAC) é fortalecer a Tecnologia Social para Juventude por meio de pesquisas, reflexões e experimentações sobre as juventudes. E, neste contexto, o papel do professor ganha luzes especiais. Diante disso, trazemos algumas considerações sobre esses atores-construtores que têm muitos anseios e desejos. Quem são eles? O que desejam?

Pela experiência que o Programa teve nos primeiros meses de 2013 e segue neste segundo semestre, vamos focar nossa lente no professor das Escolas Técnicas do Estado de São Paulo, que leciona no Ensino Médio, Técnico e Integrado. Professor que atende a jovens e adultos e que, habitualmente, possui uma pesada carga de trabalho, atuando em mais de uma escola e,na maioria das vezes, ocupando os três períodos do seu dia. A remuneração é um ponto de grande importância, pois se essa fosse de maior valor, provavelmente as horas trabalhadas nas escolas seriam menores, eeste profissional teria condições de realizar outras tarefas que julga essenciais para sua carreira como,por exemplo, seu processo de formação continuada. Diante desse quadro, o que deseja nosso professor?

Segundo pesquisa realizada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) sobre o perfil dos professores brasileiros, é unânime o desejo de aperfeiçoar sua formação continuamente. E o que mais os estimulam a isso é a questão salarial: o acréscimo financeiro que lhes são assegurados em face das formações. Confirmamos esse dado nos diálogos com educadoresque participam dosciclos de oficinas realizados pelo Programa Aprendiz Comgás. Os professores apontam o interesse e a pertinência dos temas como um dos pontos mais importantes para um programa de formação continuada e sentem necessidade de propostas que contribuam e favoreçam sua prática de ensino.

Outro dado extremamente relevante que a pesquisa apontou e que gera muitos questionamentos está no fato dos professores, em sua grande maioria (97,6%), considerarem as instituições de ensino superior as mais adequadas para prestar esses serviços. Aíestá o grande ponto de interrogação: como as instituições de ensino superior atendem a tais expectativas? E de que forma as instituições que os professores estão inseridos absorvem e respondem a esses apontamentos?

O PAC, durante esses anos de vivência no campo de apoio ao professor, busca estimular a reflexão e contribuir com espaços e momentos de formação continuada que respondam, de alguma maneira, aos anseios dos educadores e que favoreçam as ideias para quese consolidem e possam transpor as paredes da sala de aula. Nos ciclos de oficinas e no processo de formação continuada que o programa oferece,mais que apresentar conteúdo, a proposta épriorizar e contribuir para a prática. É mostrar ao professor que não existe receita, que o caminho é realizado nos momentos das discussões sobre suas percepções e proposições e, de fato, vivenciá-las, pois não há hipóteses viáveis sem a experimentação, sem a ação-reflexão-ação, como já teria dito o mestre Paulo Freire.

Diante de tal contexto, deixamos aqui um singelo registro sobre as inquietações e os desejos dos professores que temos nos relacionado. Como já dito por Pierre Bourdieu: “É importante destacar que a tensão que atravessa a identidade dos professores tem vínculo bastante próximo com as transformações que marcam as sociedades contemporâneas, exigindo novos compromissos e conhecimentos desses profissionais, que sofrem diretamente as contradições do mundo social”.

Quais estratégias para oferecer uma formação continuada podem ser desenhadas em consonância com as políticas de educação?  Qual deve ser o olhar das instituições de ensino superior?  Reflexão para ação e ação embasada em reflexão, esse processo deve estar estabelecido e elucidado em qualquer instância.

Indicações para leitura:

Pesquisa “O perfil dos professores brasileiros”, realizada pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – clique aqui

Reportagem “As lições de Cuba”, publicada na revista “Educar para Crescer”– clique aqui
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