PAC promove encontro entre jovens, gestores e educadores

Sob a temática “Juventude na Cidade: Conexões Possíveis”, o Programa Aprendiz Comgás (PAC) realizou, na última quarta-feira (27/11), um evento no Centro Cultural Rio Verde, em São Paulo.

Com o intuito de promover reflexão e diálogo sobre as oportunidades da juventude frente aos territórios, o momento reuniu educadores, gestores e jovens que se debruçaram sobre as temáticas: políticas públicas de juventude, articulação de parcerias e experiências educativas.

Para estimular a troca de ideias e percepções sobre os temas propostos, os participantes se envolveram em uma rodada de World Café, metodologia que propõe discussões em pequenos grupos a partir de questões norteadoras. A ideia era que cada grupo contribuísse com a reflexão acerca dos objetivos, estratégias, desafios, motivações e conquistas da agenda propositiva da juventude.

As conclusões foram apresentadas pelos mediadores das mesas, ao final da programação. Para Claudia Soares, que acompanhou a discussão sobre articulação de parcerias, a partir do momento que o jovem ocupa o território com projetos, no papel de proponente, a localidade se torna viva. “Nesse sentido, a articulação é fundamental porque estimula a configuração das redes locais, que se dá a partir da exploração e do mapeamento dos potenciais do entorno”.

Para o gerente do Instituto SociétéGeneralé de Responsabilidade Social, Jérémie Dron, também mediador da temática, a aproximação entre poderes públicos, privados e coletivos pode fortalecer as práticas e projetos em prol da juventude. “Hoje as iniciativas menores ainda esbarram em problemas de sustentabilidade e as parcerias podem apoiar nesse sentido. Outra questão é entender o que é preciso para que as empresas olhem para essas ações. Atualmente, vejo que não compartilhamos da mesma linguagem e, quando existediálogo, ele não contempla um mesmo vocabulário”, ponderou.

Na linha das políticas públicas, Renato Amaral, coordenador do Programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI), apontou como grande desafio o gargalo existente nas leis principalmente no que tange as escolas e os jovens.

À luz das experiências educativas, Ivy Moreira, do núcleo gestor do CENPEC, apontou a necessidade de entender como as ferramentas e tecnologias sociais já existentes podem apoiar na construção do diálogo que tenha o jovem como pauta. “Acredito que são necessários mais encontros de sensibilização com foco no gestor, para que eles fiquem cientes de como o jovem gostaria de atuar e conduzir sua aprendizagem”.

O educador do Coletivo Literatura Suburbana, Israel Neto, reforçou ainda a importância da realização de projetos que dialoguem com os jovens, suas famílias, arte e trabalho, “O saber formal pode estar atrelado ao saber de rua”, ponderou.

Avaliação

O Programa Aprendiz Comgás (PAC) existe há 13 anos e tem como principal objetivo promover conexão da juventude com a cidade. Para Angélica Pereira, líder de responsabilidade social da Comgás, a iniciativa acabou por se tornar referência na abertura de uma agenda propositiva para os jovens. “Embora haja um caminho a ser trilhado nesse sentido, é inegável a abertura que já conseguimos”, avaliou.

Na perspectiva da educação, Agda Sardenberg, diretora executiva da Associação Cidade Escola Aprendiz, reforçou o diálogo do projeto com o conceito de Educação Integral desenvolvido pela instituição, o bairro-escola. “Queremos uma educação à luz desses desafios, ou seja, que não priorize somente aspectos cognitivos e que seja pautada no interesse dos jovens, sendo os territórios motins dessa transformação”, avaliou.

Vivência

Geisson Silva, um dos participantes do evento, fez parte das primeiras formações do PAC ainda em 2004. Hoje, o jovem é um dos fundadores do Coletivo Cinemateus, que atua no bairro São Mateus, zona leste de São Paulo e tem como principal objetivo articular a comunidade a partir de produções audiovisuais. Além disso, o grupo quer caminhar para se constituir como uma ONG e criar uma produtora social.

“O trabalho de hoje é fruto de uma semente plantada lá atrás, com o apoio do PAC. O programa não só orientou a compreender os processos, como colocar as ideias no papel e partir para a prática”. Na avaliação do jovem, também houve um crescimento enquanto indivíduo: Ao ingressar no PAC, pude compreender que eu já sabia alguma coisa. Eles nunca me disseram o que fazer, apenas me apoiaram a despertar os recursos que eu dispunha como pessoa e também a buscá-los dentro da minha comunidade. Em 2014, comemoramos dez anos de atividades”.

O Coletivo Cinemateus se configura a partir de 20 jovens com idades de 15 a 29 anos e por meio de uma rede local de parceiros. Com o apoio do VAI, o grupo foi responsável pela criação da campanha “Comigo Sem Camisinha Não Rola”, em 2012, que tem como objetivo principal conscientizar para o sexo seguro e prevenir o HIV/AIDS. A iniciativa já foi levada a algumas escolas da região de São Mateus e tambémpara o exterior, com ida à Cidade do México, este ano, para apresentar o projeto durante Encontro Latino-americano que trabalhava a questão da prevenção.

Por Ana Luiza Basilio, repórter do Centro de Referências em Educação Integral.

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